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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Seu ritmo cardíaco no smartphone

Por volta de 11 horas da manhã do dia 30 de dezembro, o inventor David Albert carregou um vídeo de webcam em que demonstrava como realizar um eletrocardiograma usando um iPhone.




Abrindo a camisa e o casaco branco de laboratório, ele encostou o telefone em seu peito. ''Agora veremos um eletrocardiograma bastante limpo’', afirma Albert, enquanto seu ritmo cardíaco aparecia na tela. ''Eu estou detectando e armazenando, transmitindo sem fios e armazenando localmente em tempo real.



Ele está sendo analisado e as batidas identificadas’', afirmou.



Ao meio-dia, o vídeo havia sido reproduzido 10 mil vezes. Três dias depois, eram 100 mil. Blogueiros e autores de comentários na internet sustentavam que o eletrocardiograma realizado pelo iPhone era uma fraude. Isso foi suficiente para impressionar o filho de 12 anos de Albert. ''Pai, você conseguiu. Você fez inimigos no YouTube!''



A história do iPhone que realiza eletrocardiograma também foi lembrada como demonstração prévia de que a tecnologia móvel tornou a medicina mais rápida e barata. Os avanços da indústria americana na medicina de alta complexidade são constantes e incluem novos medicamentos e scanners médicos de milhões de dólares. Porém, o custo disso é espantoso. Após postar o vídeo, Albert foi questionado por um grande número de pessoas. Houve quem interviesse pela primeira vez, médicos de várias partes do mundo, assim como executivos de grandes empresas fabricantes de dispositivos médicos. ''Está bastante claro que as empresas com nome firmado veem a invenção como uma ameaça’' afirma o inventor de 56 anos.



Inventor em série com mais de 33 patentes emitidas, Albert afirma que durante a maior parte da sua carreira – foi o principal especialista em cardiologia da General Electric – ele também representava um problema. ''O trabalho consistia em melhorar o produto em 10 por cento com um aumento de 100 por cento nos preços’', afirma Albert. ''Durante 25 anos, projetei tecnologias cada vez mais caras’', afirma.



O eletrocardiograma para smartphone desenvolvido pela AliveCor, empresa de Albert, irá custar aproximadamente US$ 100. Embora ele não seja tão preciso quanto o eletrocardiograma hospitalar de 12 derivações – esse usa diversos eletrodos que são colocados no peito, braços e pernas – Albert afirma que seu aparelho é quase tão eficiente quanto e barato a ponto de perturbar.



Eletrocardiogramas são usados para diagnosticar batimentos cardíacos irregulares, problema comum que pode levar a um ataque cardíaco. O monitor da AliveCor é produzido em um invólucro que é colocado no iPhone. Ele possui dois eletrodos que detectam as alterações de voltagem da pele – sinais do eletrocardiograma – produzidas pelas contrações do coração. Um transmissor sem fio de baixa potência envia um sinal ao smartphone. A energia é fornecida por uma pilha de relógio feita de lítio que, segundo Albert, terá duração de 180 horas em uso contínuo. ''É um dispositivo muito interessante’', afirma Eric Topol, cardiologista e diretor acadêmico da Scripps Health, de San Diego, que vem testando o dispositivo. ''Em vez de realizar o eletrocardiograma, apenas pedi que apoiassem o dedo no meu smartphone’', afirma. ''É realmente simples e econômico’', afirma o especialista.



O eletrocardiograma feito pelo smartphone, produzido pela AliveCor na China, vem sendo estudado em testes clínicos em Oklahoma e na Universidade do Sul da Califórnia. Ele ainda precisa ser aprovado pelo FDA (órgão americano que regula produtos de saúde e alimentícios) para ser comercializado nos Estados Unidos. Segundo Albert, até o final do ano ele passará a ser vendido na Europa.



Inicialmente, a empresa planejou vender o dispositivo para médicos de países com poucos recursos. Contudo, após ter se reunido com executivos da Apple – as empresas pretendem levar o dispositivo para as lojas da Apple, sendo que a discussão está em andamento – Albert acredita que o dispositivo pode chegar às mãos dos consumidores ou o que ele chama de ''dispositivo de eletrocardiograma pessoal, que poderá ser adquirido no Walmart’'.



Segundo Topol, entre 5 e 6 milhões de americanos sofrem do tipo mais comum de arritmia, a fibrilação atrial. ''Está no meu smartphone, mas gostaria que estivesse no de meus pacientes, para que eles me enviassem seu ritmo cardíaco’', afirma. ''Caso fosse necessário, eu poderia lhes dizer imediatamente para irem ao pronto-socorro’', afirma.



Como muitas pessoas possuem smartphones – 500 mil smartphones com o Android são ativados todos os dias no mundo todo – a tecnologia móvel também pode causar impacto econômico para alguns dispositivos médicos. Albert sabe que o smartphone com eletrocardiograma não gerará a receita de bilhões de dólares que as grandes empresas obtêm a partir da venda de scanners. Contudo, ele acredita que ''pode ganhar um pouco de dinheiro de um número impressionante de pessoas e se sair muito bem’'.



No mês passado, a AliveCor obteve um financiamento no valor de US$ 3 milhões das empresas de capital de risco Burrill & Company, Qualcomm Ventures e Oklahoma Life Sciences Fund. Após o investimento, a empresa passou a valer entre US$ 5 e US$ 10 milhões.



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